Síndrome de Pânico… Como enfrentar?

Estima-se que entre 4 e 6 milhões de brasileiros sofram com o distúrbio chamado Síndrome de Pânico ou Transtorno do Pânico, enquanto que no mundo a quantidade chega a 280 milhões de pessoas.

Por isso é importante conhecer melhor a doença e seus sintomas, saber como controlar uma crise de pânico e onde buscar ajuda. E é isto o que este artigo se propõe: ajudar você a identificar qualquer problema para buscar ajuda o mais rápido possível. Venha conosco…

O que é Síndrome de Pânico?

Síndrome do pânico é uma condição associada a crises repentinas de ansiedade aguda, marcadas por muito medo e desespero, associadas a sintomas físicos e emocionais aterrorizantes.

 A síndrome ou transtorno do pânico é uma doença que se caracteriza pela ocorrência repentina, inesperada e de certa forma inexplicável de crises de ansiedade aguda marcadas por muito medo e desespero, associadas a sintomas físicos e emocionais aterrorizantes, que atingem sua intensidade máxima em até 10 minutos. Durante o ataque de pânico, em geral de curta duração, a pessoa experimenta a nítida sensação de que vai morrer, ou de que perdeu o controle sobre si mesma e vai enlouquecer.

Quais os sintomas de Síndrome de Pânico?

Ataques de pânico característicos da síndrome geralmente acontecem de repente e sem aviso prévio, em qualquer período do dia e também em qualquer situação, como enquanto a pessoa está dirigindo, fazendo compras no shopping, em meio a uma reunião de trabalho ou até mesmo dormindo.

O pico das crises de pânico geralmente dura cerca de 10 a 20 minutos, mas pode variar dependendo da pessoa e da intensidade do ataque. Além disso, alguns sintomas podem continuar por uma hora ou mais. É bom ficar atento, pois muitas vezes um ataque de pânico pode ser confundido com um ataque cardíaco.

As crises de pânico geralmente manifestam os seguintes sintomas:

  • Sensação de perigo iminente
  • Medo de perder o controle
  • Medo da morte ou de uma tragédia iminente
  • Sentimentos de indiferença
  • Sensação de estar fora da realidade
  • Dormência e formigamento nas mãos, nos pés ou no rosto
  • Palpitações, ritmo cardíaco acelerado e taquicardia
  • Sudorese
  • Tremores
  • Dificuldade para respirar, falta de ar e sufocamento
  • Hiperventilação (quando se respira muito rapidamente, atrapalhando o equilíbrio entre oxigênio e gás carbônico)
  • Calafrios
  • Ondas de calor
  • Náusea
  • Dor abdominal
  • Dores no peito e desconforto
  • Dor de cabeça
  • Tontura
  • Desmaio
  • Sensação de estar com a garganta fechando
  • Dificuldade para engolir

Enquanto nas Fobias a pessoa teme uma situação ou objeto fora dela (altura, locais fechados, insetos, etc), na Síndrome do Pânico o perigo vem de dentro.  Há uma sensação de descontrole do corpo e uma interpretação catastrófica das reações corporais como sendo perigosas.

Há quatro tipos principais de pensamentos catastróficos que costumam aparecer nas crises de pânico: (1) de perda do controle, (2) de que se vai desmaiar, (3) que vai morrer ou (4) que está enlouquecendo.

Com a repetição das crises surge uma expectativa ansiosa de ter novas crises de pânico, um fenômeno denominado ansiedade antecipatória. É comum a pessoa começar um processo de evitação, restringindo sua vida para tentar evitar que “aquilo volte”. Ela começa evitando certos lugares e fazer determinadas coisas, numa tentativa de evitar uma crise, o que vai limitando sua vida pessoal e profissional.

Muitas pessoas com pânico também apresentam sintomas de agorafobia. A agorafobia é um estado de ansiedade relacionado a estar em locais ou situações onde escapar ou obter ajuda seria ser difícil, caso a pessoa tenha um ataque de pânico. É comum ocorrer em ambientes cheios de gente, em lugares pouco familiares e quando a pessoa se afasta de casa. Pode incluir situações como estar sozinho, estar preso no trânsito, dentro do metrô, num shopping, etc. 

As pessoas que desenvolvem agorafobia geralmente se sentem mais seguras com a presença de alguém de sua confiança e acabam elegendo alguém como companhia preferencial. Este acompanhante funciona como um “regulador externo” da ansiedade, ajudando a pessoa a se sentir menos vulnerável a uma crise de pânico.

Os ataques de pânico podem alterar o comportamento em casa, na escola ou no trabalho. As pessoas portadoras da síndrome muitas vezes se preocupam com os efeitos de seus ataques de pânico e podem, até mesmo, despertar problemas mais graves, como alcoolismo, depressão e abuso de drogas.

Causas da Síndrome de Pânico

As causas exatas ainda não foram identificadas, mas a ciência afirma que há fatores que podem influenciar esse comportamento, como a genética, o tipo de temperamento da pessoa, o estresse e as mudanças cerebrais que ocorrem, como uma reação, a episódios e situações específicas.

Existem alguns fatores de risco que podem desencadear uma crise de ansiedade e consequentemente uma crise de pânico:

  • Episódios de reação com estresse extremo;
  • Transições de vida ou de carreira de forma abrupta;
  • Morte ou situação de doença de um ente querido;
  • Situações de estresse pós-traumático (TEPT);
  • Histórico de violência e abuso na infância;
  • Tendência a preocupação excessiva;
  • Necessidade de estar no controle da situação;
  • Expectativas altas;
  • Dificuldade em aceitar mudanças de opinião;
  • Repressão de sentimentos pessoais negativos;
  • Negação de que haja algo de errado;
  • Ocupação constante;
  • Admissão de grandes responsabilidades e alto grau de exigência pessoal;
  • Perfeccionismo e má aceitação de erros.

Pesquisas afirmam que a síndrome do pânico é mais comum em mulheres do que em homens e que ocorre mais facilmente na idade adulta, geralmente em pessoas a partir de 30 anos.

Síndrome de Pânico tem cura?

A síndrome do pânico pode sim ser superada ou amenizada quando tratada adequadamente a partir da orientação médica. A psicoterapia é a ferramenta mais indicada e irá agir nas causas dos sintomas a fim de amenizar os episódios até a possível total eliminação da síndrome. O mais importante é buscar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra ao mínimo desconforto e manifestação dos sintomas, pois assim você reduz as chances do quadro evoluir e desencadear outros distúrbios.

 É possível prevenir um ataque de pânico?

Sim, existem medicamentos que podem ser utilizados antes de situações que normalmente geram desespero no paciente com síndrome do pânico. Por exemplo, se você sente pânico sempre que precisar viajar de avião, pode tomar um remédio antes de embarcar para evitar a crise. Mas é importante seguir sempre a recomendação médica.

Como diferenciar um ataque de pânico de um ataque cardíaco?

Senhor com sintomas de Síndrome de Pânico e achando que é um Ataque Cardíaco

Tanto o ataque de pânico quanto o ataque cardíaco podem provocar dor no peito, taquicardia, faltar de ar, náuseas e sudorese, entre outros sintomas. Mas apesar das características semelhantes, existem diferenças. No ataque cardíaco, a pessoa geralmente sente uma dor opressiva na região do tórax que pode irradiar para mandíbula, ombros ou braços (mais frequentemente, do lado esquerdo), além de ardor no peito que pode ser confundido com azia.

Já no ataque de pânico, as dores podem se espalhar pelo tórax e pescoço, mas não provocam a sensação de pressão. Além disso, o paciente sente um desespero muito grande, tem medo de morrer e a visão da realidade distorcida, não conseguindo diferenciar o que é ou não real. Também pode haver sinais como sensação se sufocamento, tontura ou vertigem e ondas de calor e calafrios, menos frequentes em caso de infarto.

Como se trata a Síndrome de Pânico?

Algumas pessoas melhoram sem tratamento. Já para outras, os ataques de pânico vão e voltam com o passar dos anos. O tratamento para os ataques de pânico e síndrome do pânico pode incluir:

  • Terapia, como terapia de exposição, terapia cognitivo-comportamental ou psicoterapia de apoio
  • Medicamentos antidepressivos
  • Medicamentos ansiolíticos

Há algumas diretrizes importantes para o tratamento da Síndrome do Pânico e os melhores resultados são obtidos por um tratamento que contemple todos estes objetivos: a compreensão do processo do pânico, o desenvolvimento da capacidade de autorregulação, o aumento da janela de tolerância, o trabalho com os pensamentos automáticos negativos e o processamento das memórias traumáticas. 

Uma combinação destes objetivos é a melhor solução para um tratamento eficaz da Síndrome do Pânico.

A terapia de exposição ajuda a diminuir o medo ao:

  • Expor a pessoa de modo gradativo e repetido àquilo que desencadeia os ataques, até que ela se sinta confortável com aquilo
  • Se a pessoa tiver medo de desmaiar, ajudá-la a praticar a sensação de desmaio causada ao respirar rapidamente, para que ela saiba que não vai de fato desmaiar durante um ataque de pânico

A terapia cognitivo-comportamental ensina a:

  • Não evitar situações que provocam ataques de pânico
  • Reconhecer quando os temores não são válidos
  • Responder ao ataque com respiração lenta e controlada ou por meio de outras técnicas de relaxamento

A psicoterapia de apoio inclui educação e sessões de psicoterapia, para oferecer à pessoa:

  • Informações gerais sobre o transtorno e seu tratamento
  • Esperança realista de melhora
  • Apoio que se origina de um relacionamento de confiança com o médico

Os remédios podem ser recursos auxiliares importantes para o controle das crises de pânico, trabalhando conjuntamente com a psicoterapia para ajudar na superação da Síndrome do Pânico.

Porém, há algumas ponderações sobre a sua utilização. Primeiro, é necessário ter claro que os remédios não ensinam. Eles não ensinam à pessoa como ela própria pode influenciar seus estados internos e assim a superar o sentimento de impotência que o pânico traz. Não ensinam a pessoa a compreender os sentimentos e experiências que desencadeiam as crises de pânico. E não ajudam a pessoa a perder o medo das reações de seu corpo e a ganhar uma compreensão mais profunda de seus sentimentos. Os remédios – quando utilizados – devem ser vistos como auxiliares do tratamento psicológico.

Atualmente é possível tratar a pessoa com Síndrome de Pânico sem a utilização de medicação e obter bons resultados tanto com pessoas que estão paralelamente tomando medicação como com aquelas que preferem não tomar remédios.

Dicas para controlar uma crise de pânico

Em geral, sabemos o quanto pode parecer difícil, mas há técnicas que os especialistas recomendam em caso de uma crise:

  • Tente relaxar com a respiração: a alteração na respiração causada pela crise, pode ser controlada com movimentos respiratórios mais lentos, ou seja, procure inspirar lentamente pelo nariz, retenha esse ar por alguns segundos nos pulmões, e expire considerando o dobro de tempo que você utilizou na inspiração;
  • Pensamentos positivos: sua mente pode ficar confusa e cheia de medos, por isso, procure pensar em algo que lhe agrada e alegra e encha a sua cabeça de pensamentos positivos para fugir dessa nuvem negativa;
  • Alimente-se regularmente: longos períodos sem comer, por exemplo, podem alterar o seu equilíbrio no organismo e causar mais predisposição a ter uma crise. Procure realizar pequenas refeições a cada 4 horas ou busque ajuda de um nutricionista para identificar essas suas necessidades biológicas;
  • Seja menos exigente: muitas pessoas desenvolvem uma crise devido a própria cobrança que fazem com si próprio ou por alto grau de perfeccionismo. Seja gentil com você mesmo e desenvolva as coisas no seu tempo. Se ajudar, tente organizar lista de tarefas otimista, que você consiga cumprir sem grandes esforços;
  • Aproxime-se de quem você ama: nada melhor do que amigos e a família para compartilhar momentos de distração, amor e paz. São essas construções de momentos positivos que vão lhe ajudar a se conectar com o seu melhor.

Convivendo com a Síndrome de Pânico

O tratamento ajuda o paciente a se recuperar da síndrome do pânico, mas algumas medidas auxiliares podem tornar o resultado ainda melhor que o esperado. Veja alguns exemplos:

  • Siga à risca o tratamento e as orientações médicas
  • Faça parte de um grupo de apoio e compartilhe suas experiências sobre a síndrome do pânico
  • Evite o consumo exacerbado de cafeína e bebidas alcoólicas
  • Corte as drogas recreativas
  • Pratique exercícios de relaxamento, como alongamentos, yoga, respiração profunda e relaxamento muscular
  • Pratique exercícios físicos regularmente, principalmente atividades aeróbicas
  • Vá dormir cedo e descanse. Horas regulares de sono podem ajudar a controlar o medo e ansiedade.

Busque ajuda

Seja para você que está sofrendo com os sintomas da Síndrome de Pânico ou para você que convive próximo a alguém que sofre, lembre-se de que vocês não estão sozinhos. A terapia é a sua melhor opção e poderá transformar esses momentos difíceis em mais um caso de superação.

Muitas pessoas convivem silenciosamente com esse distúrbio, muitas vezes por falta de informação ou de condições de pedir a ajuda de um especialista. Então, não deixe de espalhar essas informações e ajude de alguma forma a quem precisa.

A Clínica Jequitibá Saúde Mental tem uma equipe multidisciplinar preparada para te ajudar desde os primeiros sintomas. Não tenha medo ou vergonha de procurar ajuda. Iremos te ajudar a encontrar meios seguros para tratar a Síndrome de Pânico. Agende um horário.

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