Estigma é o processo que ocorre quando alguma característica – “uma marca” – é assinalada como indesejável, baseada em estereótipos e preconceitos negativos, o que conduz à discriminação de pessoas ou grupos.
Quem pode ser alvo de estigma?
Todos nós podemos ser alvo de estigma, dado que existem inúmeras características que podem ser apontadas como diferentes e fora da “norma”, nomeadamente questões relacionadas com etnia, nacionalidade, orientação sexual, religião, entre outros.
No contexto de saúde, a saúde mental é das áreas que mais é afetada pela questão do estigma, o que traz muitas consequências negativas para o dia a dia das pessoas com doença mental.
Como surge o estigma associado às doenças mentais?
As pessoas com doença mental são frequentemente alvo de atitudes estigmatizantes e discriminatórias, decorrentes de ideias erradas muito vincadas na nossa cultura e sociedade.
Atribuem-se rótulos negativos às pessoas com doença mental, assinalando-as como diferentes.
Por exemplo, é frequente pensar que são perigosas, violentas, imprevisíveis, incompetentes ou até mesmo responsáveis pela sua própria doença, o que não corresponde à verdade.
Aliás, sabe-se que estão até em maior risco de serem sujeitas a violência por parte de outros ou de se magoarem a si próprias.
Estas ideias negativas preconcebidas têm origem, em grande parte, na falta de informação de qualidade disponível sobre estas condições, o que permite que se propaguem mitos e crenças.
Por exemplo, os jornais e a televisão divulgam frequentemente notícias de pessoas com doença mental que não retratam a realidade e não correspondem à maioria dos casos, ajudando a reforçar os preconceitos já vigentes.
Quais as consequências do estigma associado às perturbações mentais?
O estigma proporciona um ambiente de vergonha, medo e silêncio, com efeitos negativos em vários domínios da vida das pessoas, nomeadamente na saúde, trabalho, educação e na relação com os outros.
Tem como consequências:
– Relutância em procurar ajuda médica ou abandonar o tratamento para evitar ser associado ao rótulo de “doente mental”;
– Isolamento, pela sensação de que se é diferente ou por afastamento dos outros;
– Falta de compreensão por parte da família, amigos, colegas de trabalho;
– Desigualdades na escola, emprego, atividades sociais e de lazer;
– Bullying, violência física ou assédio;
– Interiorização de ideias erradas, isto é, a própria pessoa tem uma visão negativa de si mesma com base nos preconceitos vigentes na sociedade. (Por exemplo, acreditar que por ter uma doença mental não poderá vir a ter sucesso na vida ou pensar que é uma fraqueza pessoal).
Como combater o estigma?
O estigma dificulta a vida de pessoas que sofrem de doenças mentais. Todos nós podemos contribuir para a criação de uma comunidade mais inclusiva, apoiante e que respeita a diversidade humana.
Pequenos passos podem fazer a diferença, como:
– Procurar compreender a complexidade da saúde e da doença mental, recorrendo a fontes críveis de informação;
– Respeitar a doença mental como parte da diversidade humana;
– Partilhar a experiência da doença com outros (em quem confie). Lembrar que uma em cada quatro pessoas poderá experienciar problemas de saúde mental ao longo da sua vida e que não está sozinho/a;
– Reconhecer que ter uma doença mental não é sinônimo de ser doente mental. Ter uma doença mental é apenas uma das características da pessoa, pelo que não a define;
– Integrar grupos de apoio dirigidos a pessoas com doença mental, que facilitam a partilha, diminuem a sensação de isolamento e a ajudam a desconstruir mitos e preconceitos;
– Desafiar as atitudes estigmatizantes dos outros, como a família e amigos, ou mesmo em contextos mais alargados, ganhando voz na luta contra o estigma.