Suicídio e depressão

Neste 15 de Setembro, Dia Nacional de Prevenção e Combate à Depressão, vamos falar sobre a relação entre o suicídio e depressão:

Todos os anos são registrados aproximadamente dez mil casos de suicídios no Brasil e mais de um milhão no mundo todo. Cerca de 96,8% destes casos estão associados a distúrbios mentais, sendo a depressão a principal causa.

A depressão tem como principal sintoma uma tristeza profunda, muitas vezes sem razão, ou seja, sem um motivo aparente. Isso costuma gerar muita culpa: a pessoa deprimida passa a sentir-se mal – por estar mal – e mais ainda porque parece não ter uma razão para sentir-se assim.

Isso faz com que ela tenha dificuldades para dividir seus pensamentos e sentimentos. Surge o medo de ser julgada pelo que sente e o receio de incomodar as pessoas próximas. Isso tudo tende a alimentar muita angústia e desesperança. Este mal-estar contribui e alimenta o aparecimento de pensamentos suicidas.

Não existe tristeza sem motivo

A verdade é que não existe tristeza sem motivo. Se a pessoa está triste sem nenhuma razão aparente, é muito provável que esteja sofrendo de depressão. Dessa forma, o motivo de sua tristeza é a própria doença.

Acontece que no quadro depressivo, o humor se altera drasticamente, causando uma profunda infelicidade, que normalmente vem acompanhada de sentimentos de dor, amargura e baixa autoestima.

Diferença entre tristeza e depressão

A depressão é uma doença psiquiátrica e crônica. Completamente diferente daquela tristeza que todos nós sentimos de vez em quando, quando as coisas ficam realmente difíceis.

Acontece que o sofrimento padrão é momentâneo e vai amenizando à medida que o tempo passa. É inclusive um sentimento muito importante, pois ajuda na elaboração das perdas e sofrimentos ocasionais.

Já nos quadros de depressão a tristeza não passa. O sofrimento é permanente e insistente, fazendo desaparecer até mesmo o interesse pelas atividades que antes davam satisfação e prazer. Quando deprimida, a pessoa sente pelo menos, duas semanas de uma tristeza contínua.

Essa diferenciação é importante tanto para direcionar o tratamento adequado para a pessoa com depressão, quanto para conduzir as medidas de prevenção ao suicídio.

Sintomas da depressão

Vale a pena estar atento a alguns sinais de alerta que podem indicar um quadro depressivo, entre eles, destacam-se:

  • Irritabilidade, ansiedade e angústia;
  • Desânimo, que gera necessidade de maior esforço para fazer as coisas;
  • Fadiga e cansaço fácil;
  • Diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer;
  • Desinteresse, falta de motivação e apatia;
  • Sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero e desamparo;
  • Pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa utoestima;
  • Sensação de inutilidade, ruína e fracasso;
  • Interpretação distorcida e negativa da realidade;
  • Dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento;
  • Diminuição da libido e dificuldades no desempenho sexual;
  • Perda ou aumento do apetite e do peso;
  • Insônia ou despertar matinal precoce;
  • Dores e outros sintomas físicos não justificados por outras doenças;
  • Pensamentos em relação ao suicídio.

Causas da depressão

Há uma série de evidências que demonstram alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido. Ao contrário do que se pensa, os fatores psicológicos e sociais muitas vezes são consequência e não causa da depressão.

Sabe-se que a herança genética é um fator importante no desenvolvimento da depressão. A doença tem causas biológicas que não podem ser controladas.

Diferente do que muitas pessoas costumam dizer, como “nossa, mas fulano(a) tem depressão? Por quê? Ele(a) tem tudo”, o surgimento da doença não tem a ver com o status social, as conquistas, fracassos ou com os acontecimentos que enfrentou na vida.

­­­­­Gatilhos da depressão

Muito embora as coisas negativas que acontecem na vida não sejam a causa da depressão, alguns eventos podem favorecer o aparecimento da doença naquelas pessoas que já tenham alguma predisposição para desenvolvê-la.

Os gatilhos mais comuns são:

Abuso

A pessoa que sofre abuso físico, sexual ou emocional tem mais chances de desenvolver depressão, isso acontece por conta da vulnerabilidade a que é exposta em situações assim.

Estresse

Situações estressantes podem ser um gatilho para a doença. É importante entender que a gravidade do evento em si tem pouco a ver com a gravidade do quadro depressivo. Para algumas pessoas, terminar um relacionamento que durou poucos meses pode ser suficiente para o surgimento da doença, enquanto outras podem passar por alguma situação aparentemente mais séria e ainda assim não entrar em depressão.

Morte ou perda

O luto por uma pessoa amada é normal, mas a situação angustiante pode aumentar os riscos de depressão.

Doenças graves

É muito comum a depressão coexistir com uma grande doença, como o câncer, por exemplo.

Drogas, cigarro e álcool

Aproximadamente 30% das pessoas com vícios em substâncias apresentam depressão clínica ou profunda, incluindo o álcool, cigarro, remédios e drogas ilícitas.

É muito importante reconhecer estes gatilhos, pois o fato de a depressão ser mais facilmente reconhecida quando há uma tristeza aparentemente injustificada, pode gerar alguma confusão.

A depressão pode surgir em virtude de um gatilho concreto, como estes que descrevemos. Mesmo que situações assim sejam um motivo razoável para entristecer o indivíduo, é importante ficar atento.

É essencial prestar atenção aos seus sentimentos, e daquelas pessoas próximas a você que passem por alguma situação semelhante.

Nunca devemos descartar completamente a possibilidade de depressão, e nunca devemos descartar completamente a possibilidade de depressão, e nunca devemos ignorar possíveis referências a pensamentos autodestrutivos ou que tenham qualquer coisa a ver com suicídio.

Tratamento da depressão e prevenção ao suicídio

Ao tratar a depressão, estamos oferecendo mais qualidade de vida à pessoa que está em sofrimento. Estamos falando em reduzir (ou até mesmo eliminar) sintomas como desespero, falta de perspectiva com o futuro e toda dor que acompanha a depressão.

Isso pode ser a diferença entre viver ou morrer. Pode significar vencer a luta contra o suicídio. O assunto é sério e delicado. Mas a boa notícia é que mais 80% dos indivíduos com transtornos depressivos melhoram com o tratamento.

O tratamento é feito com auxílio médico profissional, e os medicamentos são uma das ferramentas mais importantes. O ideal é que haja acompanhamento terapêutico complementar com psicoterapia. O suporte da rede de apoio, incluindo familiares e amigos é fundamental.

À medida que medicamentos modernos e novas terapias continuam sendo descobertas, começamos a ouvir em remissão completa dos sintomas. Desse modo, o combate à depressão parece ser uma grande ajuda na prevenção do suicídio.

Medicação para depressão, uma forma de prevenção ao suicídio

Os antidepressivos são medicamentos muito importantes no tratamento da depressão. Eles são usados para estimular e ativar os neurotransmissores no cérebro, entre eles a serotonina, dopamina e noradrenalina.

Entretanto, lembre-se que todo medicamento só deve ser administrado sob recomendação médica, apenas ele poderá indicar o remédio que melhor responderá aos seus sintomas e condições clínicas.

Depois da receita em mãos, fique atento para tomá-lo exatamente de acordo com a recomendação, respeitando os horários indicados e a duração do tratamento, pois isso influenciará diretamente o sucesso do mesmo.

Psicoterapia atuando na depressão e prevenção do suicídio

A terapia com um psicólogo pode ajudar o paciente a entender os acontecimentos e comportamentos do dia a dia que contribuem para a manutenção da depressão.

O tratamento psicológico e o exercício do autoconhecimento têm como objetivo reduzir os sintomas e trabalhar as questões ambientais que podem piorar ou agravar o quadro depressivo.

Mudanças no estilo de vida

Uma forma de potencializar o tratamento é inserir a prática de exercícios físicos na rotina. Um estudo realizado pelo Centro Médico de Southwestern, na Universidade do Texas (EUA), descobriu que a prática de exercícios aeróbicos regulares pode reduzir os sintomas da depressão pela metade.

A pesquisa demonstrou uma redução de sintomas de 47% no grupo que praticou exercícios aeróbicos cinco vezes por semana, durante três meses.

Assim, o resultado reforça o que a ciência já sabe há bastante tempo: a atividade física contribui para o alívio do stress e promove o bem-estar físico e mental, por meio da liberação de hormônios responsáveis por melhorar o humor.

Além disso, o ambiente é ideal para o convívio social, a troca de experiências e aumenta as chances de estabelecer novos vínculos afetivos.

Mesmo quem não é muito fã dos esportes ou da academia tem o que comemorar, afinal, basta apenas de 15 a 30 minutos de exercícios em dias alternados para sentir os efeitos positivos.

Acolhimento e empatia é essencial para tratamento da depressão e prevenção ao suicídio

Acolhimento e empatia é essencial para tratamento da depressão e prevenção ao suicídio

Um diálogo aberto, respeitoso e compreensivo é muito importante. Temos duas situações aqui, então vamos por partes:

Se você é o apoiador de alguém com depressão, demonstre disposição para ouvir, uma escuta atenta e empática, você não precisa tentar resolver o problema da pessoa, muitas vezes, ela só precisa desabafar e saber que tem espaço para compartilhar suas angústias sem ser julgada.

Se você perceber que ela está em risco, divida essa preocupação com um psicólogo e com outras pessoas próximas, para que possam lhe ajudar nos cuidados e fazer companhia para a pessoa deprimida.

Você também pode apoiá-la levando-a para um atendimento com um psiquiatra e com um psicólogo. Lembre-se também de recomendar algumas das dicas que demos por aqui, pois elas costumam colaborar muito para o tratamento da depressão.

Se por outro lado, você é a pessoa que precisa de apoio, converse com alguém.  Conversar pode ser libertador e trazer muito alívio! Essa conversa pode ser com alguém que você ama e confia ou até mesmo com o CVV, pelo número 188.

Além disso, lembre-se: você não está sozinho!

Muitas pessoas passam por situações semelhantes e com a orientação médica e o tratamento adequado tudo pode se tornar mais leve.

Não se esqueça que a depressão é uma doença como qualquer outra, ignorar a depressão não fará com que ela desapareça. Ao passo que o tratamento é o primeiro passo para se libertar dos sintomas.

Fonte: Superafarma

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