Já ouviu falar em Transtorno de Personalidade Antissocial?
Você já encontrou ou conhece alguém que apresenta uma total falta de empatia em relação aos demais, um egoísmo profundo, um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos alheios e uma incapacidade de experimentar sentimentos como o amor?
Provavelmente você está diante de uma pessoa com Transtorno de Personalidade Antissocial.
Este transtorno é um tipo de condição mental crônica onde o pensar, perceber, sentir e se relacionar com os outros podem se tornar disfuncionais e destrutivos. Estes indivíduos não distinguem o que é certo ou errado e, desconsideram totalmente os desejos, direitos e sentimentos ao próximo, ou seja, ocorre a ausência total de empatia.
Saiba tudo sobre esse transtorno. É importante identificar o quanto antes os sintomas para buscar ajuda.
Os transtornos de personalidade são padrões persistentes e generalizados no modo de pensar, perceber, reagir e se relacionar que causam sofrimento significativo à pessoa e/ou prejudicam sua capacidade funcional.
Mas, o que é o Transtorno de Personalidade Antissocial?
A pessoa com transtorno de personalidade antissocial comete atos ilegais, fraudulentos, exploradores e imprudentes para ganho ou prazer pessoal e sem sentir remorso. Eles podem:
- Justificar ou racionalizar seu comportamento (por exemplo, achar que os “perdedores merecem perder”)
- Culpar a vítima por ser tola ou impotente
- Ser indiferente aos efeitos exploradores e prejudiciais de suas ações sobre os outros
- Apresentar descaso impiedoso em relação aos direitos e sentimentos alheios e à lei.
Ele é seis vezes mais frequente em homens e ocorre com menos frequência em pessoas com idade mais avançada, sugerindo que a pessoa consegue aprender a mudar seu comportamento com o passar do tempo.
A maioria das pessoas com transtorno de personalidade antissocial também apresenta um transtorno por uso de substâncias, e cerca de metade das pessoas com transtorno por uso de substâncias têm transtorno de personalidade antissocial.
As pessoas que virão a apresentar esse transtorno geralmente desenvolvem um outro tipo de distúrbio na infância ou adolescência: o Transtorno de Conduta.
Transtorno de conduta: o que é isso?
Este transtorno é caracterizado por padrões de conduta socialmente inadequados, agressivos, que violam normas sociais ou direitos individuais, sendo uma das maiores causas de encaminhamento psiquiátrico infantil.
É muito importante o tratamento ser iniciado logo nos primeiros sintomas, que podem surgir na fase infantil ou adolescente:
- Agressividade excessiva
- Crueldade com outras pessoas ou animais
- Condutas incendiárias ou depredação de patrimônio
- Roubos/furtos
- Abuso sexual
- Mentiras recorrentes
- Violações sérias de regras são alguns dos sinais que indicam transtorno de conduta.
Quando esse transtorno se apresenta antes dos 10 anos, observa-se frequentemente também o déficit de atenção e hiperatividade (43% dos casos).
Quanto mais cedo o transtorno de conduta aparecer, mais provável que o Transtorno de Personalidade Antissocial se estenda até o longo da vida da pessoa, portanto, quanto antes o tratamento for iniciado, melhor.
É importante dizer que é mais frequente entre os 12 e 14 anos, geralmente no sexo masculino (4 vezes mais do que no feminino).
Quais as causas do Transtorno de Personalidade Antissocial?
Uma revisão de literatura envolvendo 56 outros estudos sobre o tema de violência e transtornos de personalidade indica que fatores comportamentais na infância e a presença de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) poderiam predispor o indivíduo ao desenvolvimento de transtornos da personalidade, pois dentro do modelo cognitivo, o comportamento antissocial é uma estratégia geneticamente determinada para facilitar a sobrevivência, e onde cada pessoa age motivada por um sistema de controle interno, que regula suas percepções e respostas ao meio ambiente.
Desta forma, crianças que crescem em ambiente onde os pais são violentos, tendem a reproduzir comportamento violento quando adultos. Isto reforça a ideia de que os determinantes sociais estão interconectados, ou seja, a incapacidade de suprir as necessidades básicas, divórcios, desemprego, abuso de drogas e baixos níveis de escolaridade associam-se à violência intradomiciliar e extradomiciliar, atuando, então, como respostas de sobrevivência aprendidas no lar.
Diversos problemas de comportamento disfuncional dos pais têm sido associados com o desenvolvimento desse transtorno, incluindo sua baixa sensibilidade emocional. Há casos que mães relatam sentirem-se ansiosas, impulsivas e descontroladas desde sua infância, sugerindo que famílias cujos pais têm este transtorno, parecem transmitir seus comportamentos desadaptados a seus filhos. Desta forma, é fundamental que a impulsividade, baixo controle sobre a raiva, instabilidade de humor, egocentrismo, entre outros, sejam tratados precocemente, pois interferem nas habilidades de paternidade ou maternidade.
Quais são os principais sintomas?
1. Descaso com os outros
A pessoa com transtorno de personalidade antissocial pode expressar seu descaso pelos outros e pela lei ao destruir propriedade, assediando outros ou roubando. Ela pode enganar, explorar, fraudar ou manipular as pessoas para conseguir o que quer, por exemplo, dinheiro, poder, sexo ou gratificação pessoal. Também pode usar um pseudônimo para realizar seus objetivos.
A pessoa com este transtorno com frequência não sente remorso ou culpa por aquilo que fez. Ela pode explicar suas ações culpando aqueles que ela prejudica (por exemplo, alegando que eles mereciam aquilo) ou a forma como a vida é (por exemplo, pensando que a vida é injusta). Ela está determinada a não se sentir intimidada e faz o que acredita ser melhor para si mesma a qualquer custo; é possível que essa postura seja originada por uma desconfiança generalizada de outras pessoas.
A pessoa com transtorno de personalidade antissocial não tem empatia pelos outros e pode ser desdenhosa ou indiferente aos sentimentos, direitos e sofrimento alheios.
2. Comportamento Impulsivo (impulsividade)
De modo geral, pessoas com transtorno de personalidade antissocial são impulsivas. A pessoa tem dificuldade em planejar com antecedência e pensar nas consequências para si mesma ou para os outros. Assim, ela pode:
- Trocar de casa, relacionamento ou de emprego de maneira súbita (sem nenhum plano de conseguir outro)
- Dirigir em alta velocidade e dirigir embriagada, às vezes causando acidentes
- Consumir quantidades excessivas de bebidas alcoólicas ou entorpecentes que podem ter efeitos nocivos
- Cometer crimes
Frequentemente, a pessoa com transtorno de personalidade antissocial se irrita facilmente e é fisicamente agressiva, porque ela tem dificuldade em controlar seus impulsos e não considera o efeito que suas ações têm sobre os outros.
3. Irresponsabilidade
Frequentemente, a pessoa com transtorno de personalidade antissocial é social e financeiramente irresponsável. Assim, ela pode:
- Não procurar emprego quando há oportunidades disponíveis
- Não pagar contas ou empréstimos
- Não pagar pensão alimentícia
4. Outros sintomas
Essas pessoas tendem a ter uma opinião elevada de si mesmas e podem ser muito teimosas, autoconfiantes ou arrogantes. Elas podem ser charmosas, persuasivas e convincentes em seus esforços para conseguir o que querem.
Como é feito o diagnóstico deste transtorno?
Não há um exame específico que possa detectar o transtorno de personalidade antissocial, assim como não há para outros transtornos de personalidade. Dessa forma, o diagnóstico é feito através da conversa com o psiquiatra e tomando por base os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), Quinta Edição (DSM-5), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria.
Pessoas com transtorno de personalidade normalmente não sabem que tem um problema desse tipo e chegam ao consultório do psiquiatra com outras queixas, como ansiedade, depressão, dependência química ou outras questões menos ligadas à personalidade em si. Em geral, o médico precisa perceber sozinho que o paciente tem algum transtorno de personalidade por trás desses problemas. Como esses são critérios subjetivos, o diagnóstico se torna bem difícil.
Além disso, o histórico de sintomas na adolescência é importante. Por mais que não se possa fazer o diagnóstico desse transtorno antes dos 18 anos, ter sido diagnosticado com transtorno de conduta na infância ou adolescência ou se houverem relatos de sintomas de transtorno de personalidade antissocial nessa idade são critérios de diagnóstico.
Para que o médico diagnostique a pessoa com transtorno de personalidade antissocial, ela precisa persistentemente ter descaso pelos direitos dos outros, indicado por, no mínimo, três dos itens a seguir:
- Descaso com a lei, indicado ao cometer repetidamente atos que são motivo de detenção.
- Ser enganador, indicado por mentir repetidamente, utilizar pseudônimos ou enganar os outros para ganho ou prazer pessoal.
- Agir impulsivamente e não planejar com antecedência.
- Irritar-se facilmente ou agir com agressividade, indicado por envolver-se constantemente em brigas físicas ou agredir a outros.
- Descaso imprudente em relação à própria segurança e/ou à segurança alheia.
- Agir consistentemente de forma irresponsável, indicado por largar um emprego sem planos para outro ou não pagar contas.
- Não sentir remorso, indicado pela indiferença ou justificação em agredir ou maltratar os outros.
Existe tratamento para esse transtorno?
O transtorno de personalidade antissocial é muito difícil de tratar. O tratamento, no geral, engloba psicoterapia. Medicamentos podem ser usados no tratamento de comorbidades, como depressão e ansiedade, mas não existem medicamentos indicados apenas para o tratamento desse tipo de transtorno.
Em geral, para o transtorno de personalidade antissocial, mudanças comportamentais são muito importantes. Por isso mesmo terapia cognitivo-comportamental, grupos de apoio e terapia familiar costumam ser importantes nesses casos.
No entanto, o tratamento do transtorno de personalidade antissocial é o mais difícil de ser tratado. As pessoas com esse transtorno tendem a usar a terapia como uma forma de evitar consequências negativas para se comportamento ilegal ou negligente ou para evitar as responsabilidades de seus atos.
Tratamento para as famílias
Se você tem algum familiar, amigo ou pessoa próxima com transtorno de personalidade antissocial, é muito importante buscar tratamento também. Profissionais especializados em saúde mental podem ajudá-lo a aprender habilidades para lidar melhor com alguém que tem esse transtorno e impedir que você seja afetado por seu comportamento e ainda possa ajudar. Grupos de apoio para familiares com transtorno de personalidade antissocial são ótimos para este processo.
Como a Clínica Jequitibá Saúde Mental pode te ajudar?
A Clínica Jequitibá Saúde Mental é uma instituição médica que combina abordagens convencionais e métodos inovadores com serviços médicos para crianças, adolescentes, adultos e idosos, com necessidade de avaliação neurológica, psiquiátrica e psicológica, através de um trabalho de pesquisa inovador.
Oferecemos aos nossos pacientes um conjunto de cuidados médicos na área da Psiquiatria, Neurologia e Psicologia em linha com as últimas descobertas científicas e com as melhores práticas internacionais. Os nossos especialistas estão capacitados às causas mais comuns no que se refere a psiquiátrica, neurologia e psicologia.
Não espere os sintomas se agravarem para procurar ajuda. Agende um horário e saiba como podemos ajuda-lo.
Fontes:
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/transtorno-de-personalidade-antissocial