A esquizofrenia é uma desordem psiquiátrica caracterizada por quadro de psicose crônica ou recorrente, que leva à deterioração progressiva das capacidades funcionais. A psicose é o termo usado para uma alteração do estado mental caracterizado pela perda da realidade, com sintomas como alucinações, delírios, discursos sem lógica e comportamentos caóticos.
Essa doença começa no final da adolescência ou idade adulta jovem e persiste por toda a vida. Cerca de 20% das pessoas com esquizofrenia não apresentam sintomas ativos aos 65 anos; 80% mostram graus variados de comprometimento. A doença torna-se menos acentuada à medida que o paciente envelhece.
Os sintomas incluem retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico, alucinações e afeto rígido. Seu diagnóstico, entretanto, é puramente clínico, pois não existem testes laboratoriais ou de imagem específicos. Os idosos com esquizofrenia respondem bem ao tratamento com drogas antipsicóticas administradas pelo médico com cautela.
Sintomas específicos da esquizofrenia:
O quadro clínico da esquizofrenia é bem heterogêneo e seus sintomas são agrupados em quatro categorias:
- Sintomas positivos: são os sintomas da psicose descritos acima. Delírios e alucinações (especialmente auditivas) são os mais comuns.
- Sintomas negativos: são sintomas de perda das características usuais. Pode ser perda da resposta afetiva, da expressão verbal, da motivação pessoal, da atenção ao ambiente, da interação social…
- Alterações cognitivas: diminuição da atenção, capacidade de raciocínio, da memória, da linguagem e da capacidade em realizar funções.
- Alterações na afetividade: problemas de humor com mudanças repentinas, manifestações inapropriadas ou bizarras de afetividade ou comportamento. Depressão é comum após períodos de exacerbação da psicose.
As características dos sintomas são importantes, inclusive, para determinar qual o tipo específico de esquizofrenia. Ela pode ser, então, dividida em cinco subtipos:
– Paranoide: apresentam delírios e alucinações, sem alterações no pensamento lógico, afetividade ou comportamento. É o subtipo que apresenta o melhor prognóstico. Esse grupo de pacientes costuma manter o emprego e o relacionamento familiar. Porém, como são os que mais percebem a doença, é o subgrupo com maior taxa de suicídio.
– Desorganizado: são os doentes com pensamento desorganizado e comportamento bizarro e inapropriado. Apresentam o pior prognóstico, com maior taxa de incapacidade funcional, perda de relacionamento e necessidade de institucionalização.
– Catatônico: são os pacientes que perdem interação com ambiente e assumem posturas estranhas. Não atendem a solicitações e resistem a tentativas de movê-los. A catatonia ocorre episodicamente.
– Residual: são pacientes que apresentam longos períodos de ausência dos sintomas positivos, porém apresentam outros sintomas de modo discreto, como alterações no pensamento e afetividade.
– Indiferenciado: são os que não se encaixam em nenhuma das categorias anteriores, apresentando sintomas de mais de um subtipo.
Não existe um sintoma ou sinal patognomônico. O diagnóstico é feito pelo conjunto de sintomas. A psicose é uma manifestação típica, mas não é um sintoma exclusivo da esquizofrenia.
Tratamento
O tratamento com medicação antipsicótica é para a vida toda. Doentes muito agitados que colocam a sua vida e a de outros em perigo, devem ser internados até estabilização.
Entre os fármacos mais utilizados estão os chamados antipsicóticos de segunda geração, que produzem menos efeitos colaterais que os psicóticos mais antigos.
Dicas para cuidadores de idosos com esquizofrenia
- Cada dia será diferente do anterior. Hoje, o paciente está bem, amanhã mais para baixo, isolados. O cuidador precisa respeitar seu tempo.
- Esquizofrenia não é loucura. A pessoa que tem esquizofrenia é muito mais que o seu transtorno. Evitar utilizar esses termos é muito importante, afasta preconceitos e diminui o sofrimento da família.
- Ter esquizofrenia não é algo fácil de superar. O transtorno é grave e ainda não tem cura. Ou seja, não é algo que possa desaparecer de repente, é para vida toda. Ok, pode estabilizar e deixar que a pessoa tenha uma vida tranquila. Mas, sempre com medicação e cuidados.
- Esquizofrênicos mudam de humor repentinamente e nada tem a ver com o cuidador. Trata-se de um sintoma do transtorno que não pode ser evitado ou controlado. Tenha em mente que episódios de depressão, mania e raiva podem surgir a qualquer momento.
- Existe chance de controlar a esquizofrenia com medicação, terapia, reeducação, participação em grupos e apoio familiar. O esquizofrênico pode trabalhar, sair, conviver com outras pessoas, etc. Não acontece da noite para o dia e cada caso é um caso, depende da gravidade do transtorno. Mas, é possível!
- Carinho e abraço funcionam muito. Demonstre seu amor, diga que sempre estará ao seu lado. Essas palavras são muito importantes, mesmo que aparentemente a pessoa não demonstre. Ela precisa desse afeto para seguir em frente.
- Busque sempre se informar sobre o transtorno. Quanto mais você souber sobre a esquizofrenia, melhor você poderá ajudar. A psicoeducação ensina sobre a doença, medicações, tira dúvidas, acolhe os sentimentos dos cuidadores e, através dela, você consegue entender e auxiliar o cuidado.
- Tenha muita paciência! Claro que haverá momentos que você estará cansado e se sentirá sozinho, mas isso passa!
- Controle suas expectativas. Atividades, rotinas que o cuidado fazia antes, possivelmente não conseguirá mais realizar. Não peça mais do que ele pode fazer, não exija muitas coisas ao mesmo tempo. Uma tarefa de cada vez, e principalmente, não crie falsas expectativas de cura. A doença pode estabilizar, mas estará lá.
- Motivação. Vai haver aqueles momentos piores em que querem desistir de tudo. Nessa hora, seu apoio é crucial. Incentive o cuidado a reagir, convide a fazer algo que goste, mostre o que já conquistaram, a importância do tratamento e que você vai estar ali, do seu lado para o que for preciso.
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Fonte: https://cursos.escolaeducacao.com.br/artigo/transtornos-mentais-em-idosos