TOC – Transtorno obsessivo-compulsivo
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é caracterizado por obsessões, compulsões ou ambas. As obsessões são ideias, imagens ou impulsos recorrentes, persistentes, indesejados, que provocam ansiedade e são intrusivos. As compulsões (também conhecidas como rituais) são determinadas ações ou atos mentais que a pessoa se sente impelida a praticar para tentar diminuir ou evitar a ansiedade causada pelas obsessões.
- A maioria dos casos de comportamento obsessivo-compulsivo está relacionada a preocupações com danos ou riscos.
- O médico diagnostica o transtorno quando a pessoa tem obsessões, compulsões ou ambas.
- O tratamento pode incluir terapia de exposição (com prevenção de rituais compulsivos) e determinados antidepressivos (inibidores seletivos de recaptação da serotonina ou clomipramina).
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um pouco mais frequente em mulheres que em homens e afeta entre 1% e 2% da população. Em média, o TOC tem início entre os 19 e 20 anos de idade, porém, mais de 25% dos casos começam antes dos 14 anos de idade.
Nesse ponto, o TOC difere dos transtornos psicóticos, nos quais a pessoa perde o contato com a realidade. O TOC também é diferente do transtorno de personalidade obsessiva-compulsiva, embora pessoas com esses transtornos possam apresentar as mesmas características, como ser metódico, confiável ou perfeccionista.
Sintomas
A pessoa com TOC tem obsessões – pensamentos, imagens ou impulsos que ocorrem frequentemente, mesmo que ela não queira. Essas obsessões surgem mesmo quando a pessoa está pensando e fazendo outras coisas. Além disso, as obsessões normalmente causam grande angústia e ansiedade. As obsessões normalmente envolvem pensamentos de dano, risco ou perigo.
As obsessões comuns incluem:
- Preocupação com contaminação (por exemplo, supor que tocar em maçanetas provocará alguma doença)
- Dúvidas (por exemplo, supor que a porta da frente não foi trancada)
- Preocupação com objetos que não estão perfeitamente alinhados ou uniformes
Uma vez que as obsessões não causam prazer à pessoa, frequentemente ela tenta ignorá-las e/ou controlá-las.
Compulsões (também chamadas de rituais) são uma forma que a pessoa tem de responder às suas obsessões. Por exemplo, elas sentem vontade de fazer algo – repetitivo, propositado e intencional – para evitar ou aliviar a ansiedade causada pelas obsessões.
As compulsões comuns incluem:
- Lavar ou limpar algo para evitar contaminação
- Verificar algo para eliminar dúvidas (por exemplo, verificar muitas vezes que uma porta está trancada)
- Contar (por exemplo, repetir uma ação um determinado número de vezes).
- Ordenar (por exemplo, arrumar talheres ou objetos da mesa de trabalho em um padrão específico)
A maioria dos rituais, como lavar as mãos com muita frequência ou verificar repetidamente se a porta está trancada, pode ser observada. Outros rituais não podem ser observados, como o cálculo repetitivo ou afirmações em voz baixa com a intenção de diminuir algum perigo.
Os rituais podem ser realizados de forma precisa de acordo com regras rígidas. Os rituais podem ou não estar logicamente conectados com a obsessão. Quando as compulsões estão logicamente conectadas à obsessão (por exemplo, tomar banho para evitar ficar sujo ou verificar o fogão para evitar incêndios), elas são claramente excessivas. Por exemplo, é possível que a pessoa tome banho durante muitas horas todo dia ou verifique o fogão trinta vezes antes de sair de casa. Todos os rituais e obsessões exigem tempo. É possível que a pessoa gaste horas todos os dias dedicada a eles. Eles podem causar tanta angústia ou interferir tanto com a capacidade funcional da pessoa que algumas chegam a ficar incapacitadas.
A maioria das pessoas com TOC possui tanto obsessões como compulsões e elas sabem que seus pensamentos obsessivos não refletem riscos reais e que seus comportamentos compulsivos são excessivos. No entanto, algumas pessoas estão convencidas que suas obsessões são bem fundamentadas e que suas compulsões são plausíveis.
E por estarem cientes de que seus comportamentos compulsivos são excessivos, algumas pessoas geralmente realizam os rituais de maneira secreta, mesmo quando esses rituais consomem muitas horas do dia.
Dessa forma, os sintomas deste transtorno podem causar um desgaste nos relacionamentos e a pessoa com TOC pode ter um pior desempenho escolar ou no trabalho.
Muitas pessoas com TOC também têm outros transtornos de saúde mental. Aproximadamente 75% das pessoas com TOC também têm um diagnóstico vitalício de transtorno de ansiedade, aproximadamente 50% a 60% têm um diagnóstico vitalício de transtorno depressivo maior e 23% a 32% têm transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo. Aproximadamente 15% a 20% têm transtorno depressivo maior no momento em que o transtorno é diagnosticado.
Aproximadamente 50% têm pensamentos suicidas em algum momento e até 25% delas comete tentativa de suicídio. O risco de haver uma tentativa de suicídio é maior se a pessoa também tiver transtorno depressivo maior.
É TOC ou não?
Mas como diferenciar uma pessoa com TOC daquela que apenas gosta das coisas devidamente organizadas? A preocupação se inicia quando os rituais ocupam mais de uma hora por dia e fazem o indivíduo se atrasar, desistir de seus compromissos, atrapalham a capacidade de estudar e trabalhar, interferem na qualidade de vida ou geram angústia e solução.
Nestes casos, é preciso buscar ajuda. E aqui nos deparamos com outro dilema: a demora entre o início do transtorno e o seu diagnóstico: a média é de 10 a 14 anos para procurar o médico, o que faz do TOC a doença do segredo.
Os gargalos são a falta de conhecimento dos próprios profissionais de saúde sobre a enfermidade e, mais uma vez, o estigma de ser tachado de “louco” numa sociedade que não encara as condições psiquiátricas com muito respeito.
O tratamento
A partir do diagnóstico, feito no consultório por meio de uma conversa e uma avaliação, o médico começa a traçar a rota de recuperação. Uma equipe multidisciplinar é o ideal para esse diagnóstico.
É preciso explicar ao paciente e seus familiares o que é o TOC, quais as suas características e seus riscos, em seguida vem a terapia cognitivo-comportamental e a prescrição de medicamentos, se for o caso.
Na sequência, vêm a terapia cognitivo-comportamental e os remédios da classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina, normalmente prescritos no combate à depressão. A união dessas duas estratégias em um tratamento de longa duração é a que costuma trazer os melhores resultados – cerca de 60% mantêm um bom controle com o esquema.
Para ter sucesso, é necessário estar atento às doenças que seguem de mãos dadas ao transtorno, como a fobia social e a bipolaridade, porque algumas delas podem piorar com o emprego de determinados medicamentos, o que demanda adaptações nas doses e na escolha do fármaco.
Não dá para se esquecer da família nesse processo. Muitas vezes, os parentes participam dos rituais, pois sabem que desobedecer às regras do portador do transtorno desemboca em atritos. O correto seria não ceder às exigências e manias, pois ele até pode ficar ansioso ou agressivo, mas isso vai durar pouco. Se compactuar com as compulsões, todos se tornam reféns do TOC para sempre. O esforço de negar as vontades e agir com firmeza deve ser orientado pelo profissional de saúde. Ao longo das terapias, o paciente é incentivado a questionar seus pensamentos e modificar os comportamentos.
É preciso que as pessoas possam falar abertamente sobre o assunto, sem estigmas e que procurem ajuda especializada. A Clínica Jequitibá Saúde Mental tem um corpo clínico multidisciplinar capacitado para ajudar você ou seu ente querido. Busque ajuda porque há uma vida esperando por você mesmo após o diagnóstico do TOC.
Fontes:
https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/toc-nao-e-brincadeira-entenda-como-funciona-o-transtorno/