Quem nunca teve uma noite de insônia e acordou com mau humor e umas olheiras a mais alguma vez na vida?
É certo que uma noite de sono mal dormida pode ser o fator determinante para como será o nosso dia.
Em alguns casos, o sono de má qualidade pode se tornar rotina e estar relacionado à uma saúde mental que não está indo tão bem assim.
Por isso, este texto buscar trazer qual o limiar entre uma dificuldade em dormir e a insônia, como a insônia está relacionada à outras condições, além de formas de obter uma melhor noite de sono.
De acordo com dados da Associação Brasileira do Sono (ABS), 73 milhões de brasileiros sofrem de insônia. Isso significa que quase 40% da população brasileira possui alguma forma de privação de sono.
E por isso, podem ter o desempenho intelectual alterado, assim como o humor, a memória, o controle do peso corporal, uma redução da imunidade e maior o risco de doenças como hipertensão, diabetes e transtornos como a depressão.
Caracterizada como a dificuldade em iniciar o sono, mantê-lo ou o despertar antes do horário desejado, a insônia pode se apresentar de diversas formas.
Logo, ela deve ser bem analisada para entender o que está por trás dela, se é apenas uma dificuldade em dormir pontual, uma insônia aguda ou uma insônia crônica.
O que é a insônia?
A insônia é um distúrbio persistente que prejudica a capacidade de uma pessoa adormecer ou, ainda, de permanecer dormindo durante toda a noite. Assim, a qualidade de vida da pessoa, em geral, costuma ficar comprometida.
Pessoas com insônia geralmente começam o dia já se sentindo cansadas, têm problemas de humor e falta de energia e têm o desempenho no trabalho ou nos estudos prejudicado por causa deste distúrbio.
Muitos adultos apresentam insônia em algum momento da vida, mas algumas pessoas têm insônia crônica, que pode perdurar por um período de tempo muito maior do que o normal.
A insônia pode ser, ainda, um distúrbio secundário causado por outros motivos, como doença ou uso indevido de medicação.
Mas quais são essas diferenças?
Dificuldade em dormir
A dificuldade em dormir é uma situação mais pontual. Assim, ela se trata da dificuldade em iniciar, manter o sono ou até mesmo daquele sono que não é reparador.
E apesar de atrapalhar bastante o dia seguinte, está mais relacionada à como foi a rotina da pessoa afetada naquele dia.
Dessa maneira, não há relação com transtornos do sono e nem com condições médicas ou mentais coexistentes. E sim, por exemplo, a situações pontuais estressantes, à uma doença mais simples como um resfriado, um local desconfortável para dormir ou até mesmo alguns maus hábitos noturnos que podem afetar a qualidade do sono de forma mais momentânea.
Insônia aguda
A insônia aguda é também uma dificuldade em dormir, e caracterizada pelo seu curto prazo, podendo acontecer cerca de 3 vezes na semana e durar até 3 semanas.
Ela pode estar associada a alterações na vida e no ambiente que a pessoa vive. Até mesmo uma pandemia como a que vivemos pode ser um fator, pois é uma alteração na rotina do pessoa.
Outras situações que podem acontecer, são estresses situacionais, um novo turno no trabalho, uso de substâncias como café, álcool ou drogas.
A insônia aguda pode ser resultado de um desconforto físico ou por dormir em locais que não são familiares, como por exemplo, em uma viagem de trabalho, ou ao dormir na casa de outras pessoas.
Insônia crônica
O mais grave dos casos é a insônia crônica.
Diferentemente da aguda, ela ultrapassa o período de quatro semanas e pode se tornar rotina na vida da pessoa que sofre dessa condição.
Não obstante, ela é apenas secundária à outras questões de saúde.
Logo, aparece apenas como um dos sintomas de uma saúde mental e/ou física que não vai nada bem. Por exemplo, ela costuma apresentar-se como um sintoma de diversos transtornos mentais como a depressão, ansiedade, transtorno bipolar, entre outros.
Portanto, como uma condição secundária, antes de iniciar um tratamento apenas para a insônia crônica, é preciso entender quais são as verdadeiras causas por trás dessa questão. E por consequência, combater as causas e não somente os sintomas.
Quais as causas da insônia?
- Estresse: Preocupações relacionadas ao trabalho, estudos, saúde ou família podem manter sua mente ativa durante a noite, o que dificulta na hora de adormecer, desencadeando a insônia.
- Ansiedade: Ansiedade diária, bem como transtornos graves de ansiedade, como o transtorno de estresse pós-traumático, pode atrapalhar o sono. É importante preocupar-se com a dificuldade que terá para dormir pois também pode levar à insônia mais facilmente.
- Depressão: Uma pessoa com depressão pode dormir mais do que o normal e pode também não conseguir dormir, simplesmente. Insônia é muito comum em casos de depressão.
- Condições médicas: Dor crônica, dificuldade para respirar ou necessidade frequente de urinar podem levar à insônia.
Exemplos de condições associadas à insônia incluem: Artrite, Câncer, Insuficiência cardíaca, Doença pulmonar, Doença do refluxo gastroesofágico, Distúrbios de tireoide, AVC, Doença de Parkinson e Doença de Alzheimer.
- Mudança no ambiente ou horário de trabalho: Viajar ou alterar o horário de trabalho pode provocar uma mudança no ritmo cardíaco do corpo e no chamado “relógio biológico”, que dificulta o início do sono.
- Irregularidade do sono, como dormir e acordar em horários diferentes todos os dias;atividades estimulantes antes de deitar-se;dormir em ambientes inapropriados e desconfortáveis, como num lugar muito iluminado;dormir em frente à televisão e dormir com a luz acesa.
- Medicações: Muitos medicamentos podem interferir na capacidade de uma pessoa adormecer ou permanecer dormindo, incluindo antidepressivos, remédios para controle da pressão arterial, antialérgicos, estimulantes e corticosteroides. Outros medicamentos que contenham cafeína e outras substâncias estimulantes também podem desencadear em insônia.
- Cafeína, nicotina e álcool: Café, chá, refrigerantes à base de cola e outras bebidas que contenham cafeína são estimulantes bastante conhecidos e comuns no dia a dia. Seu consumo não é proibido e não está diretamente relacionado à insônia, mas pode, eventualmente, ser um fator desencadeador do distúrbio.
Beber café à noite, por exemplo, pode dificultar o início do sono. A nicotina em cigarros ou outros produtos derivados do tabaco é outro estimulante que pode causar insônia. O álcool pode até ajudar a dormir, mas impede os estágios mais profundos do sono e muitas vezes pode fazer com que uma pessoa desperte no meio da noite.
- Comer muito tarde: Comer um lanche leve antes de dormir é recomendado, mas comer demais pode fazer com que uma pessoa se sinta fisicamente desconfortável na hora de deitar, o que pode dificultar na hora de adormecer. Muitas pessoas também apresentam azia e refluxo, que também prejudicam o sono.
- Idade: A insônia pode, ainda, se tornar mais comum com a idade. Ruídos e outras alterações no ambiente podem despertar uma pessoa idosa mais facilmente do que alguém mais jovem.
Com a idade, o relógio biológico muda, fazendo com que a pessoa se sinta cansada mais cedo à noite e acorde mais cedo na manhã. Apesar disso, idosos geralmente precisam da mesma quantidade de sono que pessoas mais jovens.
- Falta de exercícios: Com o tempo, a pessoa pode se tornar menos ativa fisicamente ou socialmente. A falta de atividades diárias pode interferir em uma boa noite de sono. Quanto menos ativa uma pessoa for, mais tempo ela terá para tirar sonecas ao longo do dia, o que dificulta na hora de dormir à noite.
- Outras doenças: Dor crônica e condições como a artrite ou problemas nas costas, bem como depressão, ansiedade e estresse podem interferir no sono. Os homens mais velhos desenvolvem frequentemente um aumento da próstata, o que pode levar à necessidade frequente de urinar, interrompendo o sono.
Nas mulheres, sintomas da menopausa podem ser igualmente perturbadores e podem impedi-las de ter uma boa noite de sono. Outros distúrbios relacionados, como apneia do sono e síndrome das pernas inquietas, também se tornam mais comum com a idade. Além disso, as pessoas mais velhas normalmente fazem maior uso de medicamentos do que pessoas mais jovens.
Quais são os Fatores de risco?
Muitas pessoas podem apresentar um quadro de insônia ocasionalmente. Mas o risco de insônia é maior em:
- Pessoas do sexo feminino: mulheres são muito mais propensas a sofrer de insônia, principalmente por causa de mudanças hormonais durante o ciclo menstrual e na menopausa;
- Gravidez: a insônia também é comum com a gravidez;
- Idosos: pessoas acima dos 60 anos de idade, devido principalmente às alterações nos padrões de sono e a problemas de saúde;
- Pessoas com transtorno mental: como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e o transtorno de estresse pós-traumático são mais propensas a apresentar insônia;
- Pessoas sob estresse: fatos estressantes podem causar insônia temporária;
- Trabalhar à noite ou viajar a trabalho, que envolva trocas frequentes de fuso horário.
Quais são os sintomas de Insônia?
Os principais sintomas de insônia podem incluir: Dificuldade para adormecer à noite; despertar durante a noite; despertar muito cedo; não se sentir descansado após uma noite de sono, cansaço ou sonolência diurna; irritabilidade, depressão ou ansiedade; dificuldade para prestar atenção, concentrar-se em tarefas ou se lembrar de alguma coisa importante; aumento do risco de acidentes, dores de cabeça localizadas, problemas gastrointestinais e preocupações contínuas com o sono.
Uma pessoa com insônia, muitas vezes, pode levar 30 minutos ou mais para adormecer e pode dormir por apenas seis horas ou menos a partir de três noites por semana por mais de três meses.
Diagnóstico e Exames
Se você tiver sintomas de insônia e eles estiverem prejudicando suas atividades diárias e seu desempenho no trabalho ou nos estudos, procure um especialista para determinar o que pode estar causando o problema e saber como ele pode ser tratado.Entre as especialidades que podem diagnosticar insônia estão: Clínica médica, neurologista, medicina do sono e psiquiatria.
Além de fazer-lhe uma série de perguntas, o médico analisará seu padrão de sono e sonolência diurna. Para isso, você talvez tenha de manter um diário de sono por um determinado período de tempo e depois apresentá-lo ao médico.
Ele provavelmente também fará um exame físico para procurar sinais de outros problemas que possam estar causando insônia. Ocasionalmente, um exame de sangue pode ser feito para verificar a existência de problemas de tireoide ou outras condições que podem estar por trás da insônia.
Se a causa da insônia não estiver clara, ou caso você apresente sinais de outro distúrbio do sono, como a apneia do sono ou síndrome das pernas inquietas, você pode precisar permanecer durante uma noite em um centro especializado para analisar e diagnosticar distúrbios do sono.
Lá, os testes são feitos para monitorar e gravar uma variedade de atividades corporais enquanto o paciente dorme, incluindo as ondas cerebrais, respiração, batimentos cardíacos, os movimentos dos olhos e os movimentos do corpo também.
Tratamento de Insônia
Uma mudança nos hábitos de sono e tratar as causas subjacentes da insônia, como condições médicas ou medicamentos, pode restaurar um padrão de sono saudável em muitos pacientes.
Se essas medidas não funcionarem, o médico pode recomendar medicamentos para ajudar com o relaxamento e na readequação do sono.
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Convivendo/ Prognóstico
Não importa qual a sua idade, tenha sempre em mente que insônia tem solução. A chave para tratar o distúrbio encontra-se justamente em adequações em sua rotina durante o dia e quando você vai para a cama.
Bons hábitos de sono ajudam a restabelecer o sono saudável. Existem algumas dicas básicas para melhorar a insônia:
- Exercite-se e permaneça ativo: atividade física ajuda a promover uma boa noite de sono;
- Verifique seus medicamentos: se você toma medicamentos regularmente, verifique com seu médico para ver se eles podem estar contribuindo para a insônia;
- Pondere a cafeína: verifique os rótulos de produtos de venda livre para conferir se eles contêm cafeína ou outros estimulantes;
- Evite cochilos durante o dia: sonecas distribuídas ao longo do dia podem dificultar na hora de adormecer à noite. Se for tirar um cochilo, certifique-se de este não passará de aproximadamente 30 minutos e não ocorrerá após as três horas da tarde;
- Evite ou limite o consumo de álcool e nicotina: essas substâncias são estimulantes e podem tornar o adormecer mais difícil;
- Esteja confortável: se estiver sentindo dores, procure fazer uso de analgésico, pois estar confortável e relaxado é imprescindível para uma boa noite de sono;
- Regularize seu relógio biológico: estabeleça um horário fixo para dormir e acordar preocupando-se sempre na quantidade de horas dormidas.
- Evite grandes refeições e bebidas antes de dormir;
- Evite televisão no quarto, usar computadores, videogames, smartphones ou outras telas antes de dormir, pois a luz pode interferir no ciclo de sono;
- Torne seu quarto um ambiente confortável e próprio para o sono: feche a porta, apague as luzes, mantenha a temperatura agradável e deite-se confortavelmente;
- Esconda os relógios do quarto para não ficar tão preocupado com o horário;
- O mais importante: relaxe. Um banho morno, músicas suaves e exercícios de relaxamento podem ajudar.
Complicações possíveis
O sono é tão importante para a saúde quanto uma dieta saudável e exercícios físicos regulares.
Seja qual for o motivo para a perda do sono, insônia pode afetar e prejudicar a saúde física e mental. Pessoas com insônia possuem baixa qualidade de vida em comparação às pessoas que dormem bem.
Complicações da insônia podem incluir: Menor desempenho no trabalho ou nos estudos; Tempo de reação e reflexo mais lento, acompanhado de maior risco de acidentes; Problemas psiquiátricos, como depressão ou transtorno de ansiedade; Excesso de peso ou obesidade; Irritabilidade; Aumento do risco de adquirir doenças de longo prazo, como hipertensão, doenças cardíacas e diabetes; Abuso de substâncias, como cigarro, álcool, cafeína e outras drogas.
Prevenção
É importante ter em mente que pessoas têm necessidades de sono diferentes. Algumas ficam bem com apenas 4 horas de sono por noite, enquanto outras só rendem bem se tiverem de 10 a 11 horas.
A média, no entanto, costuma ser de 6 a 8 horas de sono diariamente. As necessidades de sono também mudam de acordo com a idade.
É importante ouvir os sinais de sono do corpo e não tentar dormir mais ou menos do que é revigorante para você.
Manter bons hábitos de sono é o principal e único meio de se evitar insônia.
Alguns fatores desencadeadores do distúrbio, como eventos estressantes e traumáticos, no entanto, não podem ser evitados. Em todo caso, consulte um especialista do sono e um psiquiatra para aprender a lidar com a manutenção do sono.
Fontes: Minha vida e Vitalk