A discussão em torno do suicídio tem se espalhado cada vez mais por entre os mais distintos países do mundo como um problema de contornos internacionais e isso tem preocupado e alertado ainda mais os órgãos responsáveis pela saúde em âmbito mundial.
Conforme aponta o crescimento das estatísticas, ano após ano, tem-se que um maior número de pessoas atenta contra a própria vida, tendo cada uma delas motivos e causas diferentes, normalmente estando vinculadas a conflitos mentais e psicológicos como, por exemplo, os quadros depressivos.
Dado este contexto, tem-se que a Organização Mundial da Saúde (OMS) assume um papel fundamental diante destes acontecimentos, agindo em prol da proteção à vida e à saúde, incluindo o suicídio como uma de suas pautas fundamentais.
Dados de importância e uma visão estatística do suicídio – OMS
Foi constatado pela OMS (2014) que cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos ao redor do mundo – algo referente a uma pessoa morta a cada 40 segundos. O dado torna-se ainda mais preocupante quando se tratam das tentativas que, em comparação com o número de mortes, acontecem 20 vezes mais.
Todo suicídio torna-se uma tragédia que afeta a família, a comunidade e países inteiros, deixando grandes efeitos colaterais prolongados, principalmente, sobre as pessoas que ficam para trás.
Se tratando de jovens entre 15 e 29 anos, tem-se que o suicídio acaba sendo a segunda maior causa de morte ao redor do mundo; pessoas economicamente ativas, com relativamente pouco tempo de vida mas com ainda muita perspectiva para se viver (OMS, 2014).
O suicídio é um fenômeno global que afeta praticamente a todos os países do mundo, mas principalmente aos países de baixa e média renda, como demonstram as estatísticas referentes ao ano de 2014, apresentando 78% desses casos ocorrendo nestas nações (OMS, 2014).
Em escala global, o suicídio foi responsável por 1,4% de todas as mortes no mundo, assumindo o 17° lugar no ranking das principais causas de morte do período (OMS, 2014).
Ainda é relevante mencionar que há mais causas de morte por suicídio do que por mortes em função da soma de baixas em guerras e homicídios ao redor do mundo (OMS, 2014).
O perfil do suicídio e seus métodos
Apesar de se saber que os transtornos mentais estão fortemente conectados com as tentativas de suicídio – em particular a depressão e o alcoolismo – principalmente nos países de alta renda, muitos dos casos acontecem em momentos de crise e altos níveis de estresse como problemas financeiros, términos de relacionamento ou dores e doenças crônicas.
Mais que isso, o vivenciar de conflitos, traumas, abusos e perdas também estaria recorrentemente associado aos comportamentos suicidas. Esses acontecimentos podem ter um impacto muito intenso e negativo na vida dos indivíduos que os sofrem.
Isso aconteceria, fundamentalmente, por conta da solidão que passa a os acompanhar, de maneira que, em meio a pouquíssimo respaldo, passariam a cogitar o tirar da própria vida.
Um dado importante diz respeito às altas taxas de suicídio dentre grupos marginalizados e vulneráveis das sociedades, estes que seriam algumas das maiores vítimas de discriminação e preconceito, como os refugiados e imigrantes, os indígenas, os LGBTQIs e ex-detentos (OMS, 2014)
Estima-se que cerca de 30% dos suicídios globais são devidos ao uso de pesticidas como ferramenta de auto envenenamento, com a maioria ocorrendo em zonas rurais e agrícolas de países de baixa e média renda. Outros métodos também comuns seriam os enforcamentos e o uso de armas de fogo (OMS, 2014).
Nesse sentido, tem-se que é importante haver o conhecimento dos métodos mais comumente utilizados, tendo em vista a construção e esquematização de estratégias de prevenção aos suicídios, como a restrição ao acesso de armas e venenos, a conscientização da comunidade e políticas públicas de controle, prevenindo ao menos práticas de natureza impulsiva.
Formas de prevenção e controle de práticas suicidas
É importante se ter a consciência de que os suicídios podem ser prevenidos e de que existem diversas medidas que podem ser tomadas para que os mesmos sejam evitados. De acordo com a OMS (2014), estes seriam:
- A redução do acesso aos meios de suicídio (pesticidas, armas de fogo e certos medicamentos);
- A divulgação do assunto de maneira responsável pela mídia;
- A criação de políticas referentes ao uso excessivo de álcool para reduzir seu uso prejudicial;
- A identificação preventiva, tratamento e cuidados a pessoas com transtornos psicológicos, dores crônicas e sofrimento emocional agudo;
- O treinar de profissionais de saúde não especializados na avaliação e gestão do comportamento suicida;
- Fornecimento de acompanhamento e atendimento constantes para pessoas que tentaram suicídio;
- Suporte comunitário;
- Praticar atividades físicas ajuda a aumentar as substâncias do prazer: serotonina, a dopamina e a noradrenalina. As atividades físicas funcionam como um escudo protetor;
- Apoio de familiares e amigos é muito importante em momentos difíceis.
Garantir a efetividade destas medidas passa pela construção de uma boa e efetiva política nacional que inclua a colaboração entre setores de níveis governamentais e não governamentais e, também, de saúde e outros como a educação, o trabalho, a agricultura, o mercado, a justiça e a mídia.
Estes esforços devem ser integrados, de forma que se entenda que apenas um deles sozinho não será capaz de ter o impacto desejado em uma questão tão complexa como o suicídio.
A prevenção antecipada deve ser, assim como o monitoramento e a vigilância das estatísticas, na mesma medida, um dos componentes principais de toda e qualquer estratégia a ser desenvolvida nesse sentido.
Os dados sobre suicídio no Brasil – Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde divulgou o primeiro Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil em 21 de setembro de 2017.
Um dos alertas mencionados é vinculado a alta taxa de suicídio entre idosos com mais de setenta anos. Nessa faixa etária, foram registradas média de 8,9 mortes por 100 mil idosos nos últimos seis anos (Ministério da Saúde, 2017).
A média nacional é 5,5 por 100 mil. Outro ponto importante que causa impacto é o alto índice entre os jovens, tendo maiores estatísticas entre homens e indígenas (Ministério da Saúde, 2017).
O objetivo principal desse diagnóstico é orientar a expansão e qualificação da assistência em saúde mental no país. O ministério, com base nesses dados, lança uma agenda estratégica para atingir a meta da OMS, Organização Mundial de Saúde, de redução de 10% dos óbitos por suicídio até 2020.
As principais ações que se pretende estabelecer são: a capacitação de profissionais, orientação para a população e jornalistas, a expansão da rede de assistência em saúde mental nas áreas de maior risco e o monitoramento anual dos casos no país e a criação de um Plano Nacional de Prevenção do Suicídio.
O diagnóstico registrou entre 2011 e 2016, 62.804 mortes por suicídio, a maioria (62%) por enforcamento. Os homens concretizaram o ato mais do que as mulheres, correspondendo a 79% do total de óbitos registrados (Ministério da Saúde, 2017).
Os solteiros, viúvos e divorciados, foram os que mais morreram por suicídio (60,4%). Na comparação entre raça/cor, a maior incidência é na população indígena. A taxa de mortalidade entre os índios é quase três vezes maior (15,2) do que o registrado entre os brancos (5,9) e negros (4,7) (Ministério da Saúde, 2017).
Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é maior entre os homens, cuja taxa é de 9 mortes por 100 mil habitantes. Entre as mulheres, o índice é quase quatro vezes menor (2,4 por 100 mil). Na população indígena, a faixa etária de 10 a 19 anos concentra 44,8% dos óbitos (Ministério da Saúde, 2017).
O documento apresenta ainda que, entre os anos de 2011 e 2016, ocorreram 48.204 tentativas de suicídio. Ao contrário da mortalidade, foram as mulheres que atentaram mais contra própria vida, 69% do total registrado. Entre elas, 1/3 fez isso mais de uma vez (Ministério da Saúde, 2017).
Por raça/cor, a população branca (53,2%) registrou maior taxa. Do total de tentativas no sexo masculino, 31,1% tinham entre 20 e 29 anos. Além disso, 58% dos homens e mulheres que tentaram suicídio utilizaram substâncias que provocaram envenenamento ou intoxicação (Ministério da Saúde, 2017).
Dentro desses altos índices apresentados, ainda que o cenário seja alarmante, os serviços de assistência psicossocial têm papel fundamental na prevenção do suicídio.
O Boletim apontou que nos locais onde existem Centros de Apoio Psicossocial (CAPS), uma iniciativa do SUS, o risco de suicídio é reduzido em até 14%. Existem no país 2.463 CAPS e, no último ano, foram habilitadas 146 unidades, com custeio anual de R$ 69,5 milhões do Ministério da Saúde.
A OMS também tem identificado a atuação da mídia em relação aos suicídios como uma área estratégica para ajudar a prevenir tais atos. O estigma em relação ao tema do suicídio impede a procura de ajuda, que pode evitar mortes.
Da mesma forma, sabe-se que falar de forma responsável sobre o fenômeno do suicídio opera muito mais como um fator de prevenção do que como fator de risco, podendo, inclusive, se contrapor a suas causas.
Assim, falar do tema sem qualquer tabu e enfrentando os estigmas, bem como conscientizar e estimular sua prevenção pode contribuir para reverter à situação crítica que estamos vivendo.
Considerações Finais
Desde que o suicídio se tornou uma realidade recorrente a ser discutida no cenário mundial, a Organização Mundial da Saúde passou a identifica-lo como um assunto prioritário.
Hoje em dia, com o aumento das pressões sociais e um mercado diversas vezes instável e provedor de inseguranças, não à toa se observa que as taxas de suicídio têm crescido.
Mesmo assim, ainda costuma-se ter como barreira o argumento de que há a falta de recursos humanos e financeiros para que se possa desenvolver e implementar estratégias de prevenção governamental ao suicídio.
No entanto, a OMS reconhece o suicídio como uma questão de prioridade de saúde pública.
Portanto, a prevenção do suicídio, sendo uma responsabilidade coletiva, deveria ser conduzida pelos governos e pela sociedade civil de todo o mundo, haja vista que esta seria uma questão de suma importância para a vida do outro.
Nesse sentido, cada governo deveria ser apto a administrar seus recursos de forma a criar planos e programas de ações concretas em benefício da causa, sendo capaz de levar até os indivíduos que precisam todo o apoio e auxílio necessários.
A essencialidade do cuidado a própria saúde também não pode ser esquecida, tamanho seu impacto no risco que correm as pessoas, ainda mais em contextos em que o uso excessivo de alguns costumes prejudiciais é glorificado.
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