TDAH existe mesmo?

Quem pode apresentar TDAH e como tratar? Saiba tudo sobre esse transtorno

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.

Acredita-se, com base em diferentes estudos realizados em várias regiões do mundo, inclusive no Brasil, que o número total de casos varie entre 5% e 8%. É o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados.

Em mais da metade dos casos, o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos. Para adultos com TDAH, pode ser um pouco mais difícil fazer um diagnóstico, pois a hiperatividade característica do transtorno diminui com o passar dos anos e a atenção também costuma melhorar (embora longe de ser normal).

Acredita-se que mais de 60% das crianças que tiveram TDAH na infância, ingressaram na vida adulta com sintomas (ao contrário do que se dizia antigamente). O desconhecimento desse quadro frequentemente acaba levando à demora no diagnóstico e no tratamento dos portadores do TDAH, os quais acabam sofrendo por vários anos sem saber que a sua situação pode ser tratada.

Por isso, é tão importante conhecer esse transtorno e saber identificar rapidamente quem precisa de ajuda. Vamos nos aprofundar nesse assunto, começando por um testemunho emocionante e real do Beto:

Minha Vida 

Ele era uma criança levada, que não parava no lugar e não se concentrava em nada. Diziam que ele era hiperativo, mas pera aí? Como podia ser hiperativo uma criança que ao jogar videogame ou assistir um jogo do Flamengo na televisão ficava horas e horas parada sem ao menos piscar os olhos?

“Mal-educado!!!!” ” Sem limites!!!!” “Capeta!!!!” “Disperso!!!!” “Louco!!!” eram frases que ele comumente ouvia.

Ele sofria com isso, porém, sempre se considerou como os outros, pois tinha uma vida parecida com a dos seus amigos, mesmos hábitos, costumes, cultura, mas sempre fazendo as coisas muitas vezes sem pensar. Mesmo assim, ele não era somente defeitos, assim como perdia amigos facilmente, os recuperava com seu carisma e sua inteligência.

Inteligência que incomodava a muitos, pois não o viam estudar muito, se empenhar e mesmo assim colher como frutos, bons resultados… “Mas pera aí, ele nunca pode ser um bom aluno!” “Ele só pode estar colando”.

Eis então que ele cresceu, a criança hiperativa mal-educada virou um jovem. Ele, agora mais velho, continuava tendo muitos amigos, saía, se divertia e jogava muito bem futebol, algo em que definitivamente se concentrava e parecia até uma pessoa “normal”; ele era o capitão de seu time da escola, exercia toda sua liderança em quadra e se orgulhava muito disso.

Na sala de aula, parecia que sua liderança se tornava algo negativo, o fazia não ter forças para estudar, para prestar atenção, atrapalhava a turma, desconcentrava os professores e criava muitas inimizades. Inimizades essas que não acreditavam como ele podia obter bons resultados. E as vítimas de sua tenebrosa atitude sem limites? Ele não pode corresponder às expectativas.

Ele era o capitão do time, ele era querido…..

Ele era um menino problema; em sala de aula, ele era odiado.

Como sua vida não era feita só de futebol, ele foi campeão no campo, e foi derrotado fora dele; foi perseguido como um bandido sem direito a legítima defesa, afinal foi pego várias vezes em flagrante, com sua maligna hiperatividade e sua temível impulsividade.

Orgulhosamente, foi lhe dado o veredicto final, como um juiz que dá uma sentença a um réu, sua reprovação em matemática foi ovacionada pelos guardiões da boa conduta e da paz escolar, e sua consequente saída da escola como um início de um novo ciclo de alegria, sem ele, aquele menino, que jogava bem futebol, mas somente isso.

Ele chorou, perdeu seus amigos, sua escola, mas mais do que tudo isso, perdeu sua autoconfiança.

Ele já estava se tornando um adulto, e por meios do destino sua mãe conheceu um médico que tratava de um tal “déficit de atenção”. Seria tão somente o 445º tipo de tratamento para curar aquele garoto-problema, algo que até o mesmo já estava praticamente convencido que era.

Mandaram-lhe tomar Ritalina, um remédio ruim, que tira fome, e que lhe daria mais atenção e blá blá blá!!! Algo que ele já estava cansado de ouvir. Ele tomou a medicação sem crença nenhuma naquilo.

E o tempo foi passando, ele vivendo sua vida, em uma nova escola, procurando seu lugar no time de futebol do colégio…

Em 4 anos ele se tornou capitão do time. E mais, foi campeão vencendo a sua ex-escola; se formou como um dos melhores alunos da turma, passou para a faculdade que queria, tirando nota 10 na prova de matemática, a matéria que o fez passar um dos seus piores momentos ao ser reprovado.

Hoje ele está na faculdade. Ele ainda tem muito o que viver, com seu jeito hiperativo, desatento, mas agora controlado, sem deixar de ser ele mesmo. Ele vai vivendo, com o intuito de um dia poder mostrar que não era um bandido, um mal-educado, nem um “sem limites”; era apenas uma pessoa diferente e, como todas outras pessoas diferentes, pode e deu certo na vida.

Hoje ele é feliz, tem uma namorada, estuda o que gosta, tem muitos amigos, sua família se orgulha dele e, acima de tudo, ele próprio sabe o que tem e vive feliz com a sua realidade.

Ele deseja que o que ele sofreu, outras pessoas não sofram um dia.

Ele?

Sou eu…

Beto

(Retirado de: https://tdah.org.br/tdah-um-depoimento/)

 

Mas, o que é TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.

É um transtorno reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.

Como reconhecer o TDAH?

O TDAH se caracteriza por uma combinação de três tipos de sintomas:

  • Desatenção
  • Hiperatividade
  • Impulsividade

O TDAH na infância, em geral, se associa à dificuldade na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como ”avoadas”, ”vivendo no mundo da lua”, geralmente são ”estabanadas”, com ”bicho carpinteiro”, ”sem limites”,  ”dispersos”, ou ”ligados por um motor”, isto é, não param quietas por muito tempo.


Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas são todos desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.


Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para a outra e também são impulsivos (‘’colocam os carros na frente dos bois’’).


Eles têm dificuldades em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São frequentemente considerados “egoístas” e têm uma grande frequência de outros problemas associados, tais como: o uso de drogas e álcool, ansiedade, depressão.


Existe um outro tipo que também é fundamental para a avaliação da criança com suspeita de hiperatividade: é a inexistência de padrões ou normas que estabeleçam a variação do nível de atividade motora que pode ser considerado para o diagnóstico da hiperatividade.


Na realidade, determinar o nível de atividade normal de uma criança é um assunto polêmico.
A maioria dos pais tem certa expectativa em relação ao comportamento de seus filhos, e normalmente, esta expectativa inclui certo grau de agitação, bagunça e desobediência, características que são aceitas como indicativos de saúde e vivacidade infantil.

Crianças com TDAH podem ter outros transtornos associados?

Como se o TDAH por si só já não fosse o bastante para uma criança e sua família, sabe-se que na maioria das vezes o portador apresenta pelo menos mais um distúrbio associado. As pesquisas estimam que 70% das crianças com TDAH apresentam outra comorbidade e pelo menos 10% apresentam três ou mais comorbidades.

As comorbidades coexistentes podem gerar forte influência em como os sintomas de TDAH irão se manifestar afetando o modo, o comportamento e o desempenho acadêmico. A maneira pela qual o paciente será tratado, portanto, dependerá das desordens secundárias.

A desordem mais comum é o Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), um transtorno de conduta que abrange, aproximadamente, 1/3 da população de TDAH. Outras comorbidades frequentes são: a depressão, a ansiedade, tiques e a Síndrome de Tourette.

Seguem abaixo exemplos de outros transtornos associados ao TDAH e suas frequências:

  1. Desordem Secundária: 66%
  2. Problemas de leitura: 60%
  3. TOD (Transtorno Opositivo Desafiador): 33%
  4. Transtorno de Ansiedade: 25 a 35%
  5. Transtorno de Conduta: 25%
  6. Depressão: de 10 a 30%
  7. TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo): de 10 a 17%
  8. Três ou mais desordens: 10%
  9. Transtornos de Leitura: 10%
  10. Síndrome de Tourette: 7%


Como é o tratamento do TDAH?

O tratamento de crianças e adolescentes com TDAH baseia-se na intervenção multidisciplinar envolvendo profissionais das áreas médicas, saúde mental e pedagógica, em conjunto com os pais.

O profissional de saúde deve educar a família sobre o transtorno, através de informações claras e precisas, a fim de que aprendam a lidar com os sintomas dos seus filhos.

Intervenções no âmbito escolar também são importantes e, muitas vezes, é necessário um acompanhamento psicopedagógico centrado na forma do aprendizado, como por exemplo, nos aspectos ligados à organização e ao planejamento do tempo e das atividades.

O tratamento reeducativo psicomotor pode ser indicado para melhorar o controle do movimento.

Em relação às intervenções psicoterápicas centradas na criança ou adolescente, as mais estudadas e com maior evidência científica de eficácia para os sintomas centrais do transtorno (desatenção, hiperatividade, impulsividade), bem como, para o manejo de sintomas comportamentais comumente associados (oposição, desafio, teimosia), são as cognitivo-comportamentais, especialmente os tratamentos comportamentais.

Sobre as influências psicofarmacológicas, a literatura claramente apresenta os estimulantes como as medicações de primeira escolha para este transtorno:

  • No Brasil, existem duas categorias de estimulantes encontrados no mercado: o Metilfenidato e a Lis-dexanfetamina.
  • Cerca de 70% dos pacientes com TDAH, respondem adequadamente aos estimulantes, com redução de pelo menos 50% dos sintomas básicos do transtorno e os toleram bem.
  • Os eventos adversos mais frequentemente associados ao uso de estimulantes são: perda de apetite, insônia, irritabilidade, cefaleia e sintomas gastrointestinais.
  • Como outros medicamentos utilizados, considerados como 2ª linha, existem os Antidepressivos Tricíclicos (ADT), indicados quando não há resposta aos estimulantes.
  • Alguns estudos também demonstram a eficácia da Bupropiona (Antidepressivo) e da clonidina no TDAH. São usadas quando houver presença de comorbidades que contra-indiquem o uso dos estimulantes ou quando estes não forem tolerados.
  • Existe uma nova opção farmacológica para o tratamento do TDAH, recentemente aprovada pelo Food and Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos, a Atomoxetina, mas não está disponível no Brasil. A Atomoxetina é um fármaco não estimulante, sendo um potente inibidor seletivo da recaptura de noradrenalina e, possuindo baixa afinidade por outros receptores e neurotransmissores.

Diagnóstico correto do TDAH

Quando uma criança parece estar vivendo uma guerra dentro da sala de aula ou precisa enfrentar uma batalha para fazer o dever de casa, uma das primeiras considerações feita é a possibilidade desta ser portadora de TDAH. Ao conferir os sintomas característicos do TDAH, muitas vezes a criança poderá ser erroneamente diagnosticada como tendo TDAH.

Dificuldades de aprendizagem, problemas familiares, emocionais ou nas relações sociais podem ser fatores prejudiciais ao desempenho escolar de uma criança e não estar necessariamente associado ao diagnóstico do TDAH.

Distúrbios de aprendizagem, divórcio, traumas e rejeição social são alguns exemplos que podem causar sintomas parecidos com os do TDAH. As crianças podem, facilmente, criar fantasias e alimentar a imaginação para fugirem de sentimentos negativos. Isso é um grande complicador para que consigam fixar a atenção nas tarefas. Vale ressaltar que, muitas vezes, a criança não se sente confortável para discutir suas angústias com os pais ou professores.

Por isso, para se chegar a um diagnóstico correto do TDAH é imprescindível que a criança seja submetida a uma avaliação feita por um médico realmente especializado em Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.

O diagnóstico correto do TDAH exige por parte do médico um conhecimento sólido sobre diagnóstico diferencial (identificar e discriminar os sintomas de acordo com as especificidades do quadro clínico e histórico emocional do paciente).

Como a Clínica Jequitibá Saúde Mental pode te ajudar?

Como uma instituição de alto padrão, que conta com uma infraestrutura completa, a Clínica Jequitibá Saúde Mental é formada por uma equipe multidisciplinar qualificada e capacitada para prestar o melhor atendimento nos tratamentos dos mais variados tipos de transtornos mentais.

Dentre nossos serviços, somos especializados no Tratamento para Déficit de Atenção e Hiperatividade, muito comum em crianças, mas que também podem afetar muitos adultos.

O Tratamento para Déficit de Atenção e Hiperatividade é elaborado para indivíduos que possuem desatenção (não ser capaz de manter o foco), hiperatividade (movimento excessivo que não se encaixa no cenário) e impulsividade (atos precipitados que ocorrem no momento sem pensar).

Contamos com terapia comportamental e medicação para melhorar os sintomas, ensinando também os pais, nos casos infantis, como lidar com o transtorno para um melhor controle dos comportamentos. Contate já a Clínica Jequitibá Saúde Mental para uma conversa. Nosso Tratamento para Déficit de Atenção e Hiperatividade auxilia a ter maior controle, organização e qualidade de vida.

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